Bachelard sobre Chillida: “o cosmos do Ferro”, imaginação e sentido

O filósofo francês Gaston Bachelard publicou um belíssimo ensaio sobre o percurso do escultor basco Eduardo Chillida. Uma imaginação potente, conduzida por “devaneios da dureza progressiva”, tornou real  seu desejo de encontrar a resistência absoluta da matéria. Quando decidiu tornar-se escultor, como todo aprendiz da linguagem tridimensional, Chillida entregou suas mãos ao trabalho na argila. O barro é substância que sabe dizer sim e  logo deixou de ser páreo para a vontade do artista. O encontro com a pedra ainda não foi capaz de convencer uma imaginação que desejava encontrar a resistência máxima. Eduardo Chillida tornou-se um ferreiro artista. Ou um artista que só na forja e no martelo encontrou o verdadeiro sentido de seu trabalho. Uma artista que fez de sua obra um verdadeiro elogio às “estranhas sensibilidades” que o ferro possui. No ensaio ” O Cosmos do Fogo”, Bachelard nos conta como o exercício da imaginação material se tornou  um aliado na dança incansável que executamos ao longo da vida: um passo para dentro e outro para fora de si. Os devaneios rigorosos do ferro redimensionaram o projeto de vida do ferreiro escultor.

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